Agentes de degradacao

A empresa Artportect

Agentes de degradação de obras de arte

Entenda os principais processos e agentes de degradação:

Oxigênio Ver texto
Umidade Ver texto
Radiação UV e luz excessiva Ver texto
Calor/Temperatura Ver texto
Poluentes/Qualidade do ar Ver texto
Outros fatores como maresia (presença de cloro) Ver texto



UMIDADE:
Uma das principais causas da degradação de materiais orgânicos é a umidade e sua variação no meio ambiente. Não só níveis altos de umidade, mas também suas oscilações causam a deterioração e fadiga desses materiais. Quem possui obras de arte emolduradas com vidro na frente, deve estar atento ao aparecimento de pequenos pontos de “foxing”, primeiro sinal de surgimento de fungos (vide imagem em primeiros sinais).
A umidade atua na decomposição do papel ao permitir da hidrólise ácida (quebra da molécula na presença água e em meio ácido), que ao lado da oxidação são as principais causas de decomposição da celulose. Assim, controlar a umidade é extremamente necessário para minimizar esse processo e o efeito em cadeia que gera, pois uma vez iniciado a tendência é que se agrave cada vez mais, terminando com a desintegração do material.



LUGARES COM PROBLEMAS DE UMIDADE EXCESSIVA E MARESIA, COMO CASAS DE PRAIA:

O clima perto do mar é particularmente daninho para obras de arte por três motivos: em primeiro lugar, a umidade média é muito alta ao longo do ano e causa ataque de fungos (bolor) e bactérias nas obras, além de seu abaulamento e deformação. Segundo, na maresia encontram-se, entre outros compostos, íons de cloro (Cl) provenientes do sal (NaCl), que provocam a “corrosão” de tintas e pigmentos e aceleram a degradação em geral. Esses dois fatores juntos causam a precipitação de cristais brancos na superfície da obra, provocando “corrosão” e desagregação das camadas pictóricas. E por último, a luz solar que penetra nas casas de praia e de campo sem qualquer tipo de proteção à radiação, desencadeia processos de degradação como a foto-oxidação das tintas e dos suportes.


RADIAÇÃO UV e LUZ EXCESSIVA: 

A radiação ultra-violeta (200 – 400 nm) se localiza no espectro magnético, na região entre os raios-X e a luz visível (400 – 780 nm). Isso significa que possuem comprimentos de onda mais curtos e assim mais energéticos.
Sabemos que os raios-X têm muita energia e até passam pela matéria de forma invisível e podem causar danos graves as células de seres vivos. A radiação UV também é invisível ao olho humano e se encontra ao lado dos raios-X, com comprimentos de onda inferiores aos visíveis, possuindo assim muito mais energia do a luz visível. É sabido, que deveríamos evitar a exposição excessiva a radiação UV e por isso aplicamos protetor solar na pele, cuja função é exatamente bloquear ou filtrar esta parte espectral mais perigosa.
Da mesma forma que a nossa pele “queima” no sol sem o filtro solar, a matéria orgânica como têxteis, papel, corantes orgânicos e até certos pigmentos também sofrem quando expostos a radiação UV. A energia desses raios acelera os processos de degradação (oxidação), o que é facilmente verificável quando deixamos um jornal parcialmente coberto por um objeto perto de uma janela onde bata o sol. Após horas ou poucos dias o papel já ficou bem mais amarelado na parte exposta, se comparado com a parte coberta.
Um desses processos de degradação é a foto-oxidação. Os raios ultravioletas atuam como catalisador do processo de degradação ao transportarem grande quantidade de energia para dentro das matérias orgânicas, desencadeando assim uma série de reações químicas que levam, não apenas à mudança de coloração desses materiais, mas também a deterioração, desintegração destes. Essas reações são irreversíveis e cumulativas, isto é, a cada dia esses objetos se degradam mais mesmo que isso não seja tão visível a olho nu, como no caso do papel de jornal, que é de baixa qualidade. O fato de não percebermos esta degradação gradual, não significa que ela não ocorra. Ela ocorre constantemente e de maneira degenerativa quando a obra não possui qualquer tipo de proteção.
Os efeitos nocivos da radiação UV podem ser facilmente barrados com o uso do vidro museológico e filmes com proteção anti-UV. A imagem abaixo demonstra claramente a diferença do estado de conservação quando protegemos o objeto dos raios ultravioletas.

Teste Folha de SP

 

Este foi um teste feito pela ArtProtec® com duração de 20 dias. Protegemos o lado esquerdo da folha de jornal com um vidro museológico anti-UV e deixamos o lado direito sem proteção. Deste modo, uma parte do jornal ficou exposta aos raios ultravioletas e após os 20 dias notou-se o acentuado amarelecimento da parte desprotegida.
O papel jornal é de baixa qualidade e por isso se percebe com rapidez o processo de degradação. Em uma obra de arte ou um diploma, a visibilidade da deterioração seria mais demorada, mas o resultado seria semelhante: amarelecimento, esmaecimento das cores e degradação dos materiais orgânicos. Este tipo de dano é muito difícil de restaurar e é, praticamente, impossível devolver a cor original do material.


CALOR/TEMPERATURA:

A temperatura do meio ambiente e, conseqüentemente, a dos objetos de arte, tem um efeito direto e quase linear na degradação de matéria orgânica e isso pode ser explicado pelas leis da termodinâmica, uma área da física-química.
As leis da termodinâmica postulam que a energia pode passar de um corpo para outro através do calor ou do trabalho. Assim, apesar das ondas eletromagnéticas (uma das formas de se ver o calor), como o infravermelho, terem maior comprimento que a luz visível e portanto menor energia, o calor também funciona como um tipo de catalisador que prove energia para dentro das matérias orgânicas e, assim, desencadeia os processos de degradação. 
Além disso, a variação de temperatura causa a distensão e contração de materiais. Com esse movimento, muitos materiais podem rachar, causando fissuras em papéis, madeiras, entre outros materiais. Por isso, é muito importante manter a temperatura estável em ambientes com obras de arte.

 

espectro


OXIGÊNIO:

Sem oxigênio não há oxidação. Esse elemento químico é o responsável por esse processo. Isso implica que em uma atmosfera sem oxigênio, esses processos não poderão ocorrer e grande parte dos processos de degradação de matérias orgânicas mortas é impedida, independentemente da presença da luz, uma vez que a reação só ocorrerá se houver oxigênio, pois ele é o agente. Assim, uma obra de arte que permaneça em uma atmosfera livre desse elemento terá seu estado de conservação estabilizado por tempo indeterminado.

 

POLUENTES e VOC’s (QUALIDADE DO AR):
Ao ar que respiramos, em especial em centros industriais, inúmeros tipos de partículas são lançados todos os dias: poluentes, matérias biológicas como pólen, etc. Essas substâncias alteram a nossa vida e também as estruturas de matérias orgânicas expostas a essa atmosfera. Essas partículas podem ser observadas quando um raio de sol entra em um cômodo e vemos pequenos pontos suspensos no ar, ou quando arrumamos a cama e ao levantarmos o lençol muitas partículas sobem no ar.
Dentre essas substâncias, estão presentes os VOC’s (compostos orgânicos voláteis). Em verdade, esses compostos são também um dos produtos das reações de degradação do papel e de outras matérias orgânicas como madeira; sua presença como resultado dessas reações já é prejudicial aos objetos, com o aumento da concentração devido a existência de VOC’s também na atmosfera acelera as reações de deterioração causadas por esses compostos.
Essas e outras substâncias e partículas presentes no ar atuam como catalisadores das reações de degradação e ainda podem causar danos como manchas d’água, manchas causadas pelo depósito de poeira da atmosfera no papel que são então empurradas pela umidade.

 

A SOMA DOS AGENTES DE DEGRADAÇÃO, EFEITOS SINERGÍSTICOS

É fundamental de considerar os efeitos e agentes de degradação em sua somatória, pois cada um deles desencadeia e potencializa outro, sendo eles intrinsecamente ligados.
Como explicado acima, a luz e a radiação UV provocam a foto-oxidação, mas isso apenas na presença do responsável principal por este processo, o oxigênio (O2). Sem oxigênio não há  oxidação. A luz neste caso é o “catalisador”, ou seja, o agente que prove energia para o sistema da matéria, acelerando os processos de oxidação.
Assim como a umidade elevada também acelera os processos de degradação do papel, sendo determinante nesse ponto, para além da formação de colônias de microorganismos (fungos e bactérias).
É importante compreender que diversos agentes e processos de degradação ocorrem paralelamente e em cadeia. A forma de barrar todos eles definitivamente seria excluir seus agentes: oxigênio e atmosfera em geral, umidade e radiação ultravioleta.